A decisão da empresa Cabral de encerrar as atividades no tradicional prédio do bairro Alecrim, em Natal, provocou reação entre passageiros da região salineira e abriu conflito judicial entre os herdeiros da família fundadora.
O empresário Cabral Filho justificou a mudança por contenção de despesas, citando o alto valor do IPTU no Alecrim em comparação ao novo ponto alugado na Avenida Mor Gouveia, além de questões ligadas ao espólio de Chico Cabral (in memoriam).
No entanto, a mudança vai contra uma decisão interlocutória da Justiça, que determinou que Francisco Cabral de Oliveira Filho se abstenha de remover qualquer bem da sede empresarial da Expresso Cabral Ltda, sob pena de responder por crime de desobediência e ter que repor, às suas próprias expensas, tudo o que for retirado, até ordem em contrário. A medida foi tomada enquanto tramita a ação de dissolução de sociedade, para preservar o patrimônio que será partilhado entre os herdeiros.
Um dos herdeiros, Chico Paraíba, afirmou que discorda da decisão de Cabral Filho e criticou a postura autoritária: “A mudança desrespeita não apenas a tradição da empresa, mas também uma decisão judicial e os direitos dos demais herdeiros. Esse desrespeito à Justiça só vem confirmar que a intenção de Cabral é dilapidar o patrimônio dos herdeiros em proveito próprio”, declarou Paraíba.
Passageiros antigos também não aceitam a mudança. “Como se deixa um local que é seu para utilizar outro que será alugado? Que contenções de despesas são estas?”, questiona Francisca de Moura, usuária do serviço há décadas.
Por mais de 50 anos, a garagem do Alecrim serviu como ponto de referência para milhares de famílias salineiras e como legado histórico do patriarca Chico Cabral. Para passageiros e parte da família fundadora, a mudança representa um golpe na memória e na tradição de uma empresa que marcou gerações.